A antracnose na cultura do milho
O milho (Zea mays L.) é uma espécie pertencente à família Poaceae, utilizado para alimentação humana e animal por ser uma importante fonte de amido.
Dentre as diversas patologias que afetam a produtividade dessa cultura está a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum graminicola, com uma maior incidência em locais onde se faz uso do plantio direto. Este fungo pode se desenvolver a partir de micélios e conídios depositados em sementes ou restos de cultura. Sua disseminação ocorre por meio de respingos de água da chuva, que ao entrarem em contato com um hospedeiro suscetível, afetam principalmente as folhas e o colmo, podendo também chegar até outras partes como as raízes, a espiga e a inflorescência.
As folhas podem ser infectadas em qualquer estádio e, quando contaminadas, adquirem manchas de coloração castanha clara e formas ovaladas. Também podem apresentar algumas lesões nas bordas, com cores vermelhas alaranjadas, que podem se expandir tomando conta da folha. Na figura 1 vê-se um exemplo de antracnose foliar.
A antracnose pode ocorrer, também, no colmo da planta. Nesse caso, a consequência pode se estender desde a diminuição da qualidade dos grãos, tombamento do estande e morte prematura das plantas. A patologia nesse órgão da planta é manifestada por meio da formação de lesões encharcadas, estreitas e elípticas na vertical, ou ovais na casca. Na imagem 2 vê-se um exemplo de antracnose no colmo.
Segundo pesquisas feitas por Casela et al. (2006), a doença pode acometer até 40% da produção do grão em cultivares frágeis sob condições ambientais favoráveis à doença. Outros fatores importantes são a falta de experiência por parte dos técnicos em reconhecer a doença no campo e a falta de monitoramento, resultando em ataques severos.
A utilização de cultivares resistentes é uma forma efetiva de controle da doença, ainda que todas as cultivares apresentam um grau de suscetibilidade ao fungo, portanto, não é a única técnica que deve ser utilizada.
A rotação de culturas é essencial para a diminuição do inóculo presente nos restos de culturas antecessoras. A rotação pode ser feita com a utilização de diversas espécies, dentre elas, o feijão catador (Vigna unguiculata), mais conhecido como feijão miúdo, a mucuna-preta (Mucuna pruriens), entre outras espécies da família Fabaceae. Essas plantas, além de ajudarem no controle da antracnose trazem grandes benefícios para cultivos em consórcio ou sucessivos. Segundo Resende et al. (2000), o principal benefício é a fixação e a disponibilização de nitrogênio atmosférico (N2) pela simbiose com bactérias fixadoras. Ou seja, são ideais para a utilização associada ao milho.
Outro método importante é o uso da nutrição mineral para dificultar a propagação da doença. A influência dessa prática é maior nas cultivares menos suscetíveis, comparado com as que apresentam maior suscetibilidade à doença. Segundo Perrenoud (1990) os níveis equilibrados de potássio (K) favorecem a rigidez dos tecidos e dificultam a penetração do patógeno nas plantas.
O controle da patologia por meio de fungicidas faz parte do manejo integrado de doenças. Costa et al. (2009) ao desenvolver trabalhos visando o estudo da eficácia de fungicidas, comprovou que a mistura composta por Epoxiconazole e Piraclostrobina obteve resultados satisfatórios comparados a outras combinações de moléculas. Brito et al. (2012) também obteve resultados que comprovaram a eficácia de defensivos que contenham Azoxistrobina e Ciproconazol. Ou seja, fungicidas dos grupos químicos Estrobilurina e Triazol.
Diante disso, as recomendações técnicas incluem a escolha de uma cultivar menos suscetível, a data da semeadura respeitando o zoneamento agrícola, o controle nutricional mineral, a rotação de culturas e o manejo químico, com a utilização de defensivos agrícolas registrados.
Autor:
Cauan Guerra Martins, acadêmico do 3º semestre do curso de Agronomia, bolsista do grupo PET Agronomia e voluntário no Grupo de Estudos de Predição e Potencial de Contaminação de Elementos em Solos (GEPACES) na Universidade Federal de Santa Maria — UFSM
Texto publicado em:
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